Ilhéus - BA 04 de outubro de 2011
Encontramos hoje, na liturgia da palavra, uma boa resposta para a pergunta: Quem
são os santos? Isto dá-nos o salmo que rezamos em resposta à primeira leitura
(cf. Ap 7,2-4.9-14): “Eis a geração que o buscam, que buscam a tua face, ó Deus
de Jacó”. Santos são aqueles que buscam a face de Deus. Muitos têm a ideia de
que os santos sejam pessoas extraordinárias, fenomenais que estabeleceram algum
tipo de trabalho ou algum tipo de milagre em sua vida. Mas, na realidade, são
pessoas que não se cansaram de buscar a Deus e seu rosto e, talvez por isso, é
que algumas pessoas têm realmente feito coisas extraordinárias. Por isso são
bem-aventurados, são felizes!
Este é o caminho para o qual nos conduz o
Apóstolo São Paulo em sua Carta aos Filipenses, que por ele são chamados de
santos em Cristo Jesus... Buscar a sua face é concordar com Jesus, que é o único
que nos faz santos; é dar tudo em nossas vidas para acolher esta santidade –
cada cristão é santo em Cristo Jesus porque vive numa vinculação original,
radical e substancial com o seu Senhor.
Esta busca do rosto de Deus ajuda a
entender melhor que a santidade é uma viagem, um caminho. É responsavelmente
acolher os aspectos da vida, mesmo nos menos convidativos... nos momentos do
pranto, da dor, da incompreensão, do sofrimento, do vazio...
A santidade é
vocação para todos: recordemos aqui as preocupações do Beato João Paulo II, que
dizia isso ao beatificar e canonizar tantos irmãos e irmãs. Nesse caso a imagem
da primeira leitura pode nos ajudar: “apareceu uma grande multidão que ninguém
podia contar, de toda nação, tribo, raça e língua”. Contar todas as pessoas que
foram e são santas é impossível, porque seria como tentar medir a misericórdia
de Deus, pois a misericórdia de Deus não conhece limites. Mateus, no Evangelho
das Bem-aventuranças(cf. Mt 5,1-12a) enfatiza o fato de Jesus sentar-se, ou
seja, o ato de ensinar, falar como um mestre.
O Concílio Ecumênico Vaticano
II já recordava a vocação universal a que todos somos chamados: a santidade! Em
união com a Igreja triunfante (na comunhão dos santos), peçamos ao Pai que os
membros da Igreja peregrina se comprometam com a sua vocação à santidade. Que em
cada família os pais, ao abençoarem seus filhos, desejem que os mesmos sejam
santos, que vivam a vocação a que foram chamados, buscando a face de Deus em
todos que deles se aproximarem. Vivamos, pois, a santidade, cada qual em seu
estado e possamos, como nos ensinou o Papa Bento XVI, levar essa direção como
meta de vida:
“A Solenidade de Todos os Santos é a ocasião propícia para
elevar o olhar das realidades terrenas, dispersas pelo tempo, à dimensão de
Deus, a dimensão da eternidade e da santidade”. O Papa então enfatizou que a
solenidade de todos os santos “nos recorda que a santidade é a vocação
originária de cada batizado” e “que todos os membros do Povo de Deus são
chamados a ser santos, segundo a afirmação do apóstolo Paulo ‘esta, de fato, é a
vontade de Deus, a vossa santificação’ (1 Ts 4,3)”.
Sejamos santos e vivamos
a santidade, do levantar e ao deitar, em casa, no trabalho, no lazer e na vida
comunitária. Só vence as lutas cotidianas quem, se espelhando na imensidão de
santos e santas, busca a comunhão nessa realidade temporal com a comunhão dos
santos. Que todos os santos e santas de Deus nos ajudem a viver a santidade e a
missão, amém!
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