Os operários da última hora ![]() Aprendemos a buscar o Senhor e seu projeto de vida, diminuindo a distância que existe entre nossos planos e o projeto de Deus, que é liberdade e vida para todos, sobretudo para os que são considerados últimos em nossa sociedade classista e discriminadora. Aprendemos, portanto, a conhecer e a praticar sempre mais a justiça do Reino. A parábola registrada em Mt20,1-16 a compara o Reino do Céu ao patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para sua vinha. Ele encontra operários de manhãzinha, às 9 horas, ao meio-dia, à tarde e quase no fim do dia. Ele os contrata a todos e, na hora do pagamento, ele paga o mesmo valor a cada um. Essa parábola insinua que não temos muita idéia de como Deus é. O pouco que sabemos dele é graças ao que Jesus nos revelou. E o que Jesus nos diz é que é um Pai, ou melhor, um papai – isso é o que significa Abá. Que nos quer e olha sempre com olhos de caridade e misericórdia. Mas, além disso, sabemos muito pouco ou nada. Como diz a leitura, “Estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos, quanto está o céu acima da terra”.Não há forma de podermos entender a Deus, introduzi-lo em nossa mente e expressá-lo em nossas categorias e formas de falar. Deus sempre nos surpreenderá com a infinidade do seu amor. Por isso, Jesus não encontrou a melhor maneira de falar dele do que empregar essas histórias. Desta forma, por comparação, poderíamos vislumbrar um pouco o que é Deus, o amor que nos tem, a sua capacidade de acolhida e sua vontade de nos dar a vida plena. Ele se compadece daqueles que são considerados pela sociedade como os últimos e a sua justiça não é medida pela quantidade de produção do operário, mas pela sua necessidade que cada um tem de trabalhar para sobreviver. O nosso mundo, coberto de ganância e de egoísmo, bem podia refletir sobre essa justiça divina que nos foi apresentada há dois mil anos e que o homem teima em não enxergar. Jesus rompeu a concepção de sua época, ensinando que a benevolência divina não era exclusiva de Israel.A vinha de Deus,na verdade era a humanidade inteira; toda ela destinatária da Boa Nova da salvação e convidada a viver em comunhão com o Pai. Por se tratar de uma adesão livre e gratuita ao chamado do Senhor do Reino,ninguém tem o direito de exigir recompensa,muito menos de julgar-se merecedor de maior recompensa.Basta-lhe a consciência de saber-se humilde servidor. Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG). | ||||
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Os operários da última hora
Una - BA 15 de setembro de 2011
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