Desde que Fortaleza, no Ceará, região Nordeste do Brasil, foi escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, os movimentos sociais da cidade não param de se mobilizar. Prova disso, será a realização do encontro "Impactos dos grandes projetos e mudanças climáticas no Ceará”, amanhã (16), no Centro de Pastoral Maria Mãe da Igreja.
Questões como participação popular, mineração, infra-estrutura, transposição de águas, turismo, agro e hidronegócio, estarão entre as temáticas abordadas pelos participantes. O encontro também terá momentos de debate, em que será discutida a criação de uma articulação regional de denúncia e a construção de um mapeamento dos problemas que ameaçam e expulsam centenas de famílias na cidade e no interior do estado.
Segundo Regilvânia Mateus, integrante da equipe de coordenação do encontro, o evento será de grande importância para as comunidades. "Nossa expectativa é que as comunidades atingidas compareçam, pois o Encontro é uma forma de fortalecimento diante da situação que estão enfrentando”, disse.
"Independente de termos um governo de esquerda temos consciência de que o movimento social se fragilizou muito. É em eventos como esse que poderemos nos fortalecer para resistir e buscar alternativas”, completou.
Regilvânia relata que o evento não quer somente discutir a Copa do Mundo na capital, mas questões ligadas às mudanças climáticas, mineração, energia eólica, situações que contam com apoio do governo e de empresas e que desafiam as zonas rurais e o povo pobre. "Muitas cidades no interior estão sofrendo com as mudanças, consequências das grandes obras que se espalham pelo país”, criticou.
Após o encontro, a coordenação pretende trabalhar e encaminhar os resultados. "O próximo passo será a elaboração de um instrumental de mapeamento dos conflitos existentes e, a partir daí, a construção de um dossiê que se tem a idéia de levar a júri popular”, afirmou Regilvânia.
O encontro de amanhã será uma preparatória para a realização do grande seminário que a coordenação pretende realizar em 2012, ainda sem data marcada.
O encontro, que é uma organização das Pastorais Sociais, Cáritas do Regional Nordeste I e da Equipe de Animação das Campanhas da Arquidiocese de Fortaleza, conta com a parceria da Rede Nacional de Advogados Populares, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Fórum Cearense de Mulheres, Instituto Terramar, Fórum de Defesa da Zona Costeira do Ceará, Via Campesina, Frente Cearense por uma nova cultura das águas e contra à transposição do Rio São Francisco, Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza e Núcleo TRAMAS.
Gastos com a Copa
Estima-se que o total do Mundial será em torno de R$ 112 bilhões, sendo que, R$ 84,9 bilhões desse montante serão gastos com aeroportos, portos, segurança, arenas e mobilidade urbana.
Em Fortaleza, segundo projeção da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústria da Base (Abdib) e da Controladoria da União foi previsto um gasto R$ 1,6 bilhão. No entanto, existe suspeita de que esse valor supere o dobro do previsto, o equivalente a 3,7 bilhões que sairão, em sua grande parte, dos cofres públicos.
As sedes da Copa do Mundo em 2014 serão: Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Manaus, Natal e Recife.
Serviço
O encontro "Impactos dos grandes projetos e mudanças climáticas no Ceará”acontecerá das 8h às 17h, no Centro de Pastoral Maria Mãe da Igreja, localizado na Rua Rodrigues Júnior, 300, Centro, Fortaleza, Ceará.
Por Jeane FreitasFonte Portal Ecumênico com informações de Agência de notícias Adital
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