Una - BA 24 de agosto de 2011
Grávida perde gêmeos após tentar fazer parto em dois hospitais no Pará
A Polícia Civil está investigando se houve omissão de socorro. A mulher não conseguiu atendimento na Santa Casa de Misericórdia e no HC.
A Polícia Civil do Pará está investigando se houve omissão de socorro a uma grávida de sete meses que perdeu os dois filhos gêmeos depois tentar fazer o parto em dois hospitais públicos.
Era madrugada quando Raimundo Farias saiu de casa com a mulher sentindo dores. Mas ao chegar à Santa Casa de Misericórdia, no centro de Belém, o casal não conseguiu entrar. Segundo a família, o vigilante disse que não havia vaga.
"Pode procurar outro hospital aqui, ela não vai ser atendida porque não tem ninguém para atender e não tem leito", relatou o pai Raimundo Farias.
O casal foi ao Hospital das Clínicas, também público, mas não conseguiu atendimento. Desesperado, Raimundo chamou os bombeiros, que levaram Wanessa de volta à Santa Casa.
Grávida de gêmeos, ela deu à luz ao primeiro bebê dentro da ambulância, em frente ao hospital, mas a criança já nasceu morta. Wanessa só foi socorrida na Santa Casa durante o parto do segundo bebê, que também estava morto. Um dos bombeiros deu voz de prisão à obstetra Cynthia Lins, que foi levada para a delegacia, onde prestou esclarecimentos e foi liberada.
A médica acusa o bombeiro de abuso de poder e nega que seja responsável pelas mortes. "Em nenhum momento houve omissão de socorro. O que houve foi um esclarecimento junto ao Corpo de Bombeiros e a família da superlotação que nós nos encontrávamos no momento, e por isso nós estávamos trabalhando com porta fechada", se defendeu Cynthia Lins.
"Essas crianças não morreram por falta de atendimento. Nós já pedimos uma perícia do Instituto Médico Legal. Esses corpos já foram encaminhados, essas crianças já nasceram mortas”, acrescentou a médica.
Wanessa estava grávida de sete meses e fazia pré-natal na própria Santa Casa. A direção do hospital informou que, desde sexta-feira, tem orientado pacientes a procurar outras maternidades, porque a UTI neonatal do local está superlotada.
“De 107, hoje estamos com 123 recém-nascidos, recebendo cuidados intensivos. Realmente extrapola qualquer condição, já está botando até em risco os que já se encontram internados”, avaliou a presidente da Santa Casa, Maria do Carmo Lobato.
“Tudo leva a crer que, no mínimo, é caracterização de omissão de socorro. Entretanto, a gente precisa verificar determinadas situações que a gente só vai ter resposta quando vierem os laudos do centro de pericias”, argumentou a delegada Maria do Socorro Picanço.
A equipe do “JN no ar” vai para Belém mostrar o que está acontecendo nesta área da Saúde.
O repórter André Luiz Azevedo vai decolar do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. A missão é entender e mostrar o que acontece na maternidade pública de Belém, onde uma mulher grávida não consegue atendimento medico. Uma informação do governador determinou o afastamento da presidente da Santa Casa. Segundo o hospital, a mulher que estava grávida está internada, mas o estado de saúde dela é estável. A reportagem será feita com o apoio da TV Liberal, afiliada da TV Globo no Pará.
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